Adivinha

Não somos da rua,

Somos do mundo

E não do mundo da lua,

Não vivemos o segundo,

Somos eternos

De um mundo tão imundo

Que às vezes parece o inferno.

Esperança por aqui

Não é coisa de criança,

Seria bom se pudéssemos fugir,

Mas não temos confiança

Nem vontade de partir...

Nossa prisão

É o mundo,

É a aflição

Que perturbam as mentes,

É o que nos tornam diferentes,

O que nos fazem indigentes...

Quem somos não é interessante,

Lembrarão que estamos vivos

Quando formos impertinentes,

Poderíamos ser apenas parentes,

Somos mais...

Somos irmãos!

Felizes são aqueles que não nos enxergam,

Revoltados são o que vêem

E nada podem fazer.

O que queremos?

Nem nós sabemos,

Mas é melhor que tenham medo

Segredos?

Não guardamos,

Pois sois incapazes,

Não enxergam um palmo diante do nariz.

Pobre do homem

Que se gaba por ser feliz

Alegando que encontrou a salvação,

Esse é carcereiro da própria prisão.

Não somos nada, mas sabemos que Deus não é religião,

É coração.

Se estamos perdidos

É porque em algum lugar dessa jornada

Também perdemos o coração

Abrindo passagem para o ódio e o rancor.

Se ainda não nos reconhecem

Tentaremos ser os óculos de uma nova visão.

Somos mais que irmãos,

Somos filhos

E muitos de nós somos pais,

Somos crianças que não tiveram tempo de ser criança,

Somos os filhos de uma nação corrupta

E displicente.

Sangue do seu sangue,

Gente de sua gente,

Filhos do tráfico não!

Somos seus filhos.

Agora vão trabalhar,

Vivam suas vidas infelizes,

Somos a nova geração,

Crias desses ventres,

Somos suas crianças inocentes.