Erudita V
Arrisco-me,
a uma longa caminhada.
Minhas pernas trêmulas,
repiração ofegante,
sensação devastadora,
e alienante...
Disperso-me,
em insensatos pensamentos,
mas me abrange a cena,
do recitar de um monólogo,
cujo único tema, a ti,
refere-se.
Ao longe,
o ostentatório Templo,
Católico Apostólico,
exibia seu contraste,
com os casebres,
dos seus servos...
Atraía-me,
aquela mística arquitetura,
onde sinos crepitantes,
badalavam,
meus pecados...
Pensar em ti,
naquele instante,
dava-me a sensação,
angustiante,
de viver um sacrilégio...
Sigo,
passos firmemente,
rumo ao firmamento...
Entro,
em seu interior vazio,
e incômodo silêncio...
Fico,
sob o olhar constante,
de um olho distante...
Sento,
em solitário banco,
bem aos pés do altar...
Vejo,
o Pároco grisalho,
e temo, confessar...
Saio,
sem dizer palavra,
e sem prece, rezar...
Penso,
e este pensamento,
é a minha confissão...
Se Deus é o Amor,
por que o Homem,
não?