Mutante
Tanto morre em mim todo dia
que escombros já não me espantam...
Quanto cinzento me assola
que sombras já não me assombram...
voa distante o alento,
nem mesmo me alcança a dor...
e mesmo que haja o ardor
necessito dessas mortes...
Silêncio e mistérios
é tudo o que me decanta
e assim me faz reviver...
É no entardecer
que as pedras às vezes se encontram
mas não se comungam
porque veem no tempo o fim;
enfim,
tantos nós que me teceram,
quantos ventos me torceram,
e , em mim, tantos já morreram
e em tantos também morri...