Mau presságio

Horas...

Não me importo quando passam,

se o que resta é mais cansaço,

que vontade de viver...

E os delírios que me assumem,

quando fujo à realidade,

são comparsas das verdades,

que alimentam o coração...

Uma fuga consciente,

pelo passo que me espera,

ante a sala, frente a porta,

que nem viva, e menos morta,

me separa do que eu quero...

Abro, e enfrento meus limites,

atravesso a hipocrisia.

Não tem sonho, nem tem dia.

Não tem conto e Cinderela,

tem batente da janela,

abrigando o braço frágil,

temeroso e temerário,

segurando o rosto pálido,

que observa o horizonte...

Vem do ciclo que completa,

esta estranha existência.

Que pendeu sobre o destino,

rastejando em seu começo,

como a fenda forte e funda,

sobre o céu da própria vida,

caminhando sem saída,

passo a passo, sobre o tempo.

Desejando a cada instante,

sempre um novo recomeço,

aceitando cada dia,

como um sol aventurado,

e aceitando cada noite,

como o fim, de um mau presságio...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58331