Mau presságio
Horas...
Não me importo quando passam,
se o que resta é mais cansaço,
que vontade de viver...
E os delírios que me assumem,
quando fujo à realidade,
são comparsas das verdades,
que alimentam o coração...
Uma fuga consciente,
pelo passo que me espera,
ante a sala, frente a porta,
que nem viva, e menos morta,
me separa do que eu quero...
Abro, e enfrento meus limites,
atravesso a hipocrisia.
Não tem sonho, nem tem dia.
Não tem conto e Cinderela,
tem batente da janela,
abrigando o braço frágil,
temeroso e temerário,
segurando o rosto pálido,
que observa o horizonte...
Vem do ciclo que completa,
esta estranha existência.
Que pendeu sobre o destino,
rastejando em seu começo,
como a fenda forte e funda,
sobre o céu da própria vida,
caminhando sem saída,
passo a passo, sobre o tempo.
Desejando a cada instante,
sempre um novo recomeço,
aceitando cada dia,
como um sol aventurado,
e aceitando cada noite,
como o fim, de um mau presságio...