Rebentos e Verdades

Escrevo nas sombras do outono, na primavera de encantos,

verão de intensos calores, inverno de chuvas e prantos.

A pena conduz minhas mãos, os sonhos rabiscam meus versos.

A alma espelha e reluz, meus pensamentos dispersos.

 

As letras são folhas que caem, de árvore forte e singela.

Palavras que o vento carrega, e os meus receios liberta.

Poeta, talvez mais que o nome, no ser, é a fonte que escreve,

em rima mostra o desejo, no verso que me descreve.

 

Poeta, quem sabe o exílio, o esteio e a raiz mais profunda,

das coisas que guardo no seio, e que, minha alma desnuda.

Poemas com asas suaves, revoam no céu das palavras,

furtando das penas dos anjos, as cores das madrugadas.

 

Escrevo no cônscio e no ébrio, escrevo na dor e sorriso.

Retiro do tempo os ponteiros, procuro no amor o sentido.

Não quero do outro a razão, nem privo de mim a loucura,

revelo nas páginas de um livro, a minha essência mais pura.

 

Poeta, sou, por entrega, sem tema, algema e regra.

Desfolho em cada poema, meus versos pétala a pétala.

Não vivo no céu do estrelismo, nem alimento a vaidade.

Poemas são livres rebentos, do ventre das minhas verdades.

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
Código do texto: T58321