Rebentos e Verdades
Escrevo nas sombras do outono, na primavera de encantos,
verão de intensos calores, inverno de chuvas e prantos.
A pena conduz minhas mãos, os sonhos rabiscam meus versos.
A alma espelha e reluz, meus pensamentos dispersos.
As letras são folhas que caem, de árvore forte e singela.
Palavras que o vento carrega, e os meus receios liberta.
Poeta, talvez mais que o nome, no ser, é a fonte que escreve,
em rima mostra o desejo, no verso que me descreve.
Poeta, quem sabe o exílio, o esteio e a raiz mais profunda,
das coisas que guardo no seio, e que, minha alma desnuda.
Poemas com asas suaves, revoam no céu das palavras,
furtando das penas dos anjos, as cores das madrugadas.
Escrevo no cônscio e no ébrio, escrevo na dor e sorriso.
Retiro do tempo os ponteiros, procuro no amor o sentido.
Não quero do outro a razão, nem privo de mim a loucura,
revelo nas páginas de um livro, a minha essência mais pura.
Poeta, sou, por entrega, sem tema, algema e regra.
Desfolho em cada poema, meus versos pétala a pétala.
Não vivo no céu do estrelismo, nem alimento a vaidade.
Poemas são livres rebentos, do ventre das minhas verdades.