Plataforma
Finda a noite,
meu caleidoscópio ambíguo.
Nada me parece, a face do sorriso.
Tudo aonde me escondo,
é natureza morta, é folha torta,
pinceladas e rabiscos,
numa confusão de letras,
numa profusão de cores,
grafitando dores.
E meu grito de horrores,
vem romper o dia, causando revoada,
frêmito e agonia, de asas debatendo,
assombrando o vento.
Paginando o calendário,
curvo-me, sou serviçal do tempo...
E tudo é conflito, só restam vãs palavras,
em lábios nascituros, que jazem na alvorada.
Nada faz sentido, se o Ego é Homicida.
Apossa o tal destino:
Abortando o riso, apunhalando a Crença.
Silenciando o Mito...
Porca Dinastia! Hipocrisia!
Força!
Ideologia?
Temo então, esta alforria presa ao meu olhar,
que resta-me, quando contemplo o sol...
Rondam mais fantasmas...
Presa à plataforma, vejo o trem aproximando-se.
Temo o passo.
Prendo a respiração!
Fecho os olhos...
Presa à plataforma, trem vai, trem vem...
Tantos passageiros, todos mensageiros,
de credos e verdades?
Todos prisioneiros, da final Viagem...
Todos peregrinos, máscaras e véus...
Procurando estrelas, repartindo o céu...
Em Preconceitos e Guerras.
Ódio e Violência.
Poder e Opressão.
Miséria...
Vaidade...
Lástima...
Querem repartir Um Deus...
Um só Deus!