Eu
Eu
Olhado sim
Entre mim e ti
Não tenho defeitos
Sou mesmo à perfeição
Obra de grande desejo
Onde ostenta à emoção
Diante de mim
Nem te vejo
Um pobre diabo
Sempre a criar casos
Querendo competir com
Um querubim
Eu olho pra ti criatura estranha
Esboços de gente
Obra mal acabada pintada por um
Artista negligente
Elo do acaso sem princípios
Destila o horror
Porque perto de mim tu enguiçou
Não pode ser mesmo aprazível
Pois arde aos olhos
Encomoda minha alma
Faz me travar os dentes
Num sorriso falso
Que mal acende
Eu não te suporto Nem ficas
Perto de mim
Pois superior igual essa nobreza
Jamais poderá servir me à mesa
Nem me olhes nos olhos
Pois sou tão altivo
Que de escada não alcançará
O meu nível
Fica lá no teu canto
Limpa tua lágrima
Nem me espanto és tão pequeno
Ínfima que tua retórica
Monosilabica numa nota só
És teu canto
Como és incomoda uma criatura
Tão sem conjuntura
Fica quietinha talvez no final
Recebas uma recompensa
Ou migalhas minhas....
Pedaço de nada só te dar atenção
palpitas disparados
Todo arranhado as vezes esqueço
Que és apenas um pobre coração
Carente e mal amado
Jogado pro lado pobre coitado
Implorando atenção...
Ricardo do Lago Matos