Eu

Eu

Olhado sim

Entre mim e ti

Não tenho defeitos

Sou mesmo à perfeição

Obra de grande desejo

Onde ostenta à emoção

Diante de mim

Nem te vejo

Um pobre diabo

Sempre a criar casos

Querendo competir com

Um querubim

Eu olho pra ti criatura estranha

Esboços de gente

Obra mal acabada pintada por um

Artista negligente

Elo do acaso sem princípios

Destila o horror

Porque perto de mim tu enguiçou

Não pode ser mesmo aprazível

Pois arde aos olhos

Encomoda minha alma

Faz me travar os dentes

Num sorriso falso

Que mal acende

Eu não te suporto Nem ficas

Perto de mim

Pois superior igual essa nobreza

Jamais poderá servir me à mesa

Nem me olhes nos olhos

Pois sou tão altivo

Que de escada não alcançará

O meu nível

Fica lá no teu canto

Limpa tua lágrima

Nem me espanto és tão pequeno

Ínfima que tua retórica

Monosilabica numa nota só

És teu canto

Como és incomoda uma criatura

Tão sem conjuntura

Fica quietinha talvez no final

Recebas uma recompensa

Ou migalhas minhas....

Pedaço de nada só te dar atenção

palpitas disparados

Todo arranhado as vezes esqueço

Que és apenas um pobre coração

Carente e mal amado

Jogado pro lado pobre coitado

Implorando atenção...

Ricardo do Lago Matos

Ricardo Matos
Enviado por Ricardo Matos em 06/11/2016
Reeditado em 29/03/2017
Código do texto: T5814657
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