Epifania

O hálito da aurora matinal

traz consigo uma voz

ressurgida de imemoriais

tempos,

que se direciona a mim

em sonoros vaticínios...

...

Um dia descerás do monte

e a solidão não será mais

tua companheira;

e a friagem da brisa

do alvoraecer

despertará o espírito

de caminhante adormecido

em ti;

E a reverberação irisada

dos raios do Sol

encantará teus olhos

que, se emudeceram por anos,

serão eloquentes faróis

sorrindo às águas tépidas

do córrego, ao pino do Sol

no acariciar da epiderme

de teus pés, condutores

desse teu espírito

quase a levitar

no rumo da planície

habitada por aqueles

ingratos irmãos

por certo esquecidos de

que são uma corda atada, apenas...

E o animal e o além-do-humano

tudo farão para te seduzir

neste cabo-de-guerra

disputado entre

o ontem

e o amanhã...

... elidindo o sentido do hoje,

do carpe diem

...

Na mente, a voz ainda me soa

com certo timbre e sentido...

... semelhando um sussurro...

a evocar-me uma imagética

em relativa dissolução, confundindo-me

entre dicções de Khalil Gibran,

Nietzsche

e Omar Khayyam.