ESPIÕES NOTURNOS

Solto o verbo em frases e palavras,

e penso que estou só entre meus devaneios,

mas o meu sofrer ou a minha alegria compartilho

com poetas e leitores ... olhares alheios.

Estão a espiar-me... procuram brechas,

nas palavras que escrevo e até nas entrelinhas...

Essa é uma sofredora.... coitadinha,

ou é uma mulher devassa, quem diria?

Outros dirão: é cristã, tem fé e foi curada,

como pôde desviar-se tanto assim?

E os imagino a falar de mim,

que solto versos pela madrugada...

Por fim dirão: está apaixonada...

ou é uma louca, em plena luz do dia,

viciada em computador e poesia,

que vive disso, sem fazer mais nada...