Guerra de um homem só (lutas cotidianas entre quatro paredes)

Não é tão fácil meu amigo, estou certo?

Quando você está de pé no vazio

E tem que enfrentar todos os fantasmas sozinho

Apenas com seus punhos e algumas palavras pré-decoradas

Entre as quatro minúsculas paredes de um quarto

Os maiores embates do mundo são travados,

Aqueles que não são descritos em livros épicos,

E deles não se pintam belos quadros.

Como é olhar para um espelho quebrado todos os dias?

Ou se proibir permanentemente a estar só e em silêncio ao mesmo tempo?

Não é tão fácil meu amigo, estou certo?

Estar só, em silencio, porém ouvir gritos ensurdecedores,

brotando de seus poros e pensamentos auto-destrutivos

quase partindo seu crânio.

Não há diversão esta noite meu amigo

Não quando as luzes de neon já não têm o mesmo brilho

E os brindes são feitos em copos vazios cheios de mágoa

É eu acho que nunca houve diversão, para lhe ser sincero.

É o que acontece, quando uma revolução não surte o efeito previamente almejado

E os punhos que outrora se erguiam acima das nuvens com novos hinos

Agora mal sobem acima das cabeças aliadas a uma causa maquiada.

Não é tão fácil meu amigo, estou certo?

De olhos cerrados, sua escuridão é opcional

Com uma mente carregada até os dentes de verbos e advérbios.

Ausência de luz total, não há som, adentras o campo de batalha onde você é o bem e você é o mal

A guerra de um homem e suas escolhas

Uma coisa eu afirmo com certeza:

Nunca é tão fácil meu amigo

Quando você está de pé no vazio

E enfrenta todos os seus fantasmas sozinho,

apenas com seus punhos e algumas palavras pré-decoradas.