TEMPO APÓS TEMPO

Tempo de projetadas estranhezas,
De ventos de incertezas,
De almas nuas, indefesas,
De mesas servidas para a loucura.

Tempo de rupturas,
De deslizes, raízes de amarguras,
De esquinas obscuras,
De dissonâncias, intolerâncias, asperezas.

Tempo de enviesadas travessias,
De pesares, de quimeras fugidias,
De olhares suspensos nas tardes vazias,
De domínio do medo, desenredo, cansaço.

Tempo também, de estender os braços,
Fazer deles, longas asas, ganhar o espaço,
Tempo de transcendentes traços,
Delineados, compartilhados pela poesia.

Tempo de retomar a delicadeza,
De realçar com o amor, a textura,
De conceder a si anistia,
E fazer da travessia... um lírico compasso.