O MITO DE DORIAN GRAY
Pinto meu retrato
E na face exposta na tela
Reflito no sorriso, irônico
Como o sorriso de uma Mona Lisa amoral,
E relembro quantos segredos se encerram
No branco dos meus olhos.
Escondo na face impassível
Pensamentos perversos,
Libidinosos,
Bizarros.
Atos de selvageria escondidos
Na polidez dos meus gestos educados
Bacante faminta abrigada
No seio da dona de casa pacata
Garras afiadas ocultas nas mãos suaves
Que te acariciam a face
Observo meu outro eu que,
Sarcástico,
Me chama de covarde
E zomba do meu medo de viver.
Do meu medo de amar,
Do meu medo de se dar,
Do meu medo de libertar
A outra que existe em mim.