Humanamente cão

Nosso olhar diverge tanto.

Casos bestas,

bestas do inferno,

cestas básicas,

um costume pueril de se encantar

com bugigangas e orações.

Beija, meu filho!

Beija flor e chão.

Gestos obscenos,

gente obscena,

quarentena nas casernas,

quaresma nos porões.

Nossos lábios divergem tanto.

Sangue nas calçadas,

cães nas calçadas,

fotografia de escombros e crianças em capas de jornais.

Mundo cão, filho.

Humanamente cão.

Fé obscena,

paz obscena,

medalhas pacíficadoras sobre o peito ensanguentado de escravos.

Nossa sorte diverge tanto.

Desafios?

Desafeto.

Feto.

Lata de lixo...

Mas, quem de nós morreu primeiro?!

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 23/08/2016
Código do texto: T5737139
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