AUSENCIAS
Ninguém surge incógnito da infinita escuridão nesta terra embriagada
Ninguém aparece do nada... entre pressas e preces
Tudo cresce tudo vive desde o corrosivo ódio
Até o último gole sofrido pela lembrança da mulher amada
Cria-se um pouco de limo e logo depois desaparece...
A matéria fica entre as libras esterlinas
Sei que um dia estaremos morrendo no peito de alguém
Para depois ressuscitarmos nos negros braços do além
Entre estrelas arlequins e purpurinas...
Tudo tem uma estrada mais vários são os caminhos
morremos como a uva matéria prima que veio da videira
Até ressuscitarmos encorpados numa boa safra de vinho...
Na acidez furtiva da vida há sempre mais um limão a se espremer
Tudo inexiste e de repente o vazio incólume mostra seu impávido vão
E logo em frente ao espelho pela contra-luz, apenas o que não se vê
Tá tudo bem tá tudo certo tão longe e tão perto...decerto
Foi-se o reflexo que não vemos para a não existência da escuridão...