AUSENCIAS

Ninguém surge incógnito da infinita escuridão nesta terra embriagada

Ninguém aparece do nada... entre pressas e preces

Tudo cresce tudo vive desde o corrosivo ódio

Até o último gole sofrido pela lembrança da mulher amada

Cria-se um pouco de limo e logo depois desaparece...

A matéria fica entre as libras esterlinas

Sei que um dia estaremos morrendo no peito de alguém

Para depois ressuscitarmos nos negros braços do além

Entre estrelas arlequins e purpurinas...

Tudo tem uma estrada mais vários são os caminhos

morremos como a uva matéria prima que veio da videira

Até ressuscitarmos encorpados numa boa safra de vinho...

Na acidez furtiva da vida há sempre mais um limão a se espremer

Tudo inexiste e de repente o vazio incólume mostra seu impávido vão

E logo em frente ao espelho pela contra-luz, apenas o que não se vê

Tá tudo bem tá tudo certo tão longe e tão perto...decerto

Foi-se o reflexo que não vemos para a não existência da escuridão...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 11/08/2016
Reeditado em 11/08/2016
Código do texto: T5725502
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