Palavras ao vento
Ainda no bailar dos ventos
E nos gingados das folhas lá fora,
Vejo aqui dentro que nada mudou...
As muitas faces que por mim passam
Ainda falam muito e não dizem nada,
Por isso ouço, mas não as escuto.
Essa intransigência, me faz parecer rude,
No entanto essa é minha maneira de proteger-me.
No entardecer vejo sempre os resquício
Dos passantes, eles são indecisos, porém
Desmentem a altives do que lhes são peculiares
E isso lambuza a verdadeira identidade que deveriam carregar.
Penso aqui calado, sobre o futuro próximo que talvez inexista,
Tudo isso, graças ao presente que nunca existiu e essa ordem
Dos tempos verbais, traz a notoriedade da ilusão que perturba aqui...
Ser ou não ser não é mais a questão, a pauta da vida
Nos remete o ter ou não ter e quem sabe por isso
A personalidade esteja extinta e não tem quem a procure.
Não que essas verbalizações mudem o quadro hipocondríaco,
Mas ao menos quando eu retornar à minha eterna casa,
Deixarei quem sabe um suspense e todos a procura do que minutei,
Pois, a pós extenuação valoriza o que formos, um tanto quanto hipócrita essa posição,
Mas é justamente assim que anda a humanidade.
E o vento lá fora
Me trouxe nas folhas
O que aqui minutei,
Entretanto, as coisas ainda continuam sem mudar.