Homilia do mendigo

Quando as fantasias se exterminam

E as prioridades sucumbem

O azul do céu vira cinza

E esperança se confunde

Justamente aí nasce o EU mendigo

Que muito tem para ensinar

E pouco a aprender consigo

Pois a densidade da vida extirpou o abrigo.

Sobre a lamuria dessa infinda lida, deixo estampado o quanto não me representa,

A felicidade é uma alternativa asilada na cortina da ironia...

Tudo que aprendi até aqui, nada me ensinou... sou eterno faminto...

E no chão indeciso posso derramar minhas malas vazias, elas estão cheias

Abarrotadas de mim, das minhas histórias... de tantas coisas que não cabem aqui.

Canto o pranto que minha alma escolheu, verbalizo as alusões descomprometidas

E vou levando... como o imã vou atraindo, vou ensinando...

Minha face esmaece, cansada de tudo que carrego.

Os meus olhos ainda fixam o infinito

Embora meu coração vocifere

Incompreensivelmente.

Os números crescem

São formandos de diversas categorias,

Mas, a humanidade ainda chafurda

Na escassez de humanismo,

Mas, esta é a regra do jogo

E eu o um mero ser antagônico

Querendo desvendar o imensurável

Desmedido amor próprio.

Neste alvo turvo

Lanço as flechas

Mas o alvo se liquefaz

E assim como ele

Sou eu.