Faltou dizer morrer de tédio

Há muitas maneiras de morrer

E muitas, de matar

Há mortes boas, mortes más

Mortes em calabouços e em praça pública

Há mortes físicas e metafísicas

Mortes tísicas e suculentas

Por inanição, explosão, atropelamento

Por overdose de drogas, amor ou ódio

Por suicídio, de intenção ou acidente

Por auto-imolação

Por refestelamento

Há quem morra de inveja

Há quem morra de pena

Há quem morra de saudade

Há quem morra de arrependimento

Há quem morra de amores ou desamores

Há quem morra de solidões, das mais diversas

Há quem morra se divertindo

Há quem morra por mãos de malucos

Há quem morra de frio ou fome

Há quem morra uma só vez

Há quem morra todo dia

Morre quando acaba

Morre quando desaba

Morre quando sufoca

Morre quando é preciso renascer

Há muitas maneiras de morrer

E muitas, de matar

Morrer é se despedir

Matar é se desligar