Jogo de Xadrez para um Peão Suicida

Eu sou uma peça de xadrez,

Cansada, insatisfeita

Com sua eterna pequenez,

E que não quer jogar.

- um dos peões, talvez -

Canso-me dessa posição de mártir,

E digo bem alto:

- Basta!

Não jogo mais nenhuma vez!

- pois para um peão fracassado

o inferno é o fracasso,

diário,

entre o próprio eu,

e o do outro,

lá do outro lado -

O jogador, com medo

Que fique incompleto

O seu importante tabuleiro,

Põe uma arma na minha cabeça,

E assim me obriga.

Penso em desafiá-lo,

Mesmo com sua postura

Arrogante e altiva.

- Vai, miserável! Atira!

Mesmo sendo uma peça,

Não aceito que brinques

Com a minha vida!

Mas lembrei-me da regra

E calei-me.

- a regra é sempre a regra,

principalmente quando é a divina -

Cada um tem sua função,

Nesse jogo louco,

E sem razão,

Para deleite do único jogador

- único vencedor -

Joguemos, sempre, então!

Pois não temos saída.

Aceito meu destino,

Serei um peão.

Mas um peão suicida.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 17/07/2007
Reeditado em 17/07/2007
Código do texto: T568827
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.