Postulado da dor e da cura (Caris Garcia)
Postulado da dor e da cura
(Caris Garcia)
A dor caminha em veredas tropicais e subterrâneas
Chega mansa em devastadora naturalidade
Expande a mente para túneis de agonia contemporânea
O escuro nas sombras da crueldade
Travando razões, emoções e castelos
O santo graal! Para alguns o remédio...
Não há escapatória para universo paralelo
Na escala de cinzas, o tom médio
Para outros, o salto no abismo despretensioso
Em inocente vertigem a se apaziguar com a queda
Envolvente como um abraço caloroso
Passagem direta ao barqueiro sem pagar moeda
Terrenos nobres como um câncer físico no domínio
A se pudesse a dor levar todos os males
Certamente aliviaria um tempestuoso raciocínio
quebraria a tensão pelos ares
E pudesse não deixar sequela alguma
Mas o não , etimológicamente se faz
Percorrendo cachoeiras internas, uma a uma
em desdobramentos contínuos e sequenciais
Tal qual peças de um dominó infinito
Que não cessa até sua última jogada
Ninguém escuta do moribundo seu último grito!
Assume o rei soberano do nada!
Ou até que o sarcasmo dos Deuses sejam alimentados
O não que pertence e faz moradia no oposto
É o sim revigorante quase acanhado
A esperança se entregando ao desgosto
A teia que se desmantela na íris peculiar
que jorra lágrimas do sofrimento
Não há solidão, pois a dor não vai abandonar
A cada dia explora novas terras! Que talento...
Até o nada, o mesmo não seria
Nem de tempos tão remotamente originais
O jogo ali não cessaria
Nem o planeta era conhecido pelos demais
Ou talvez fossem as expedições
que fizeram o desvio nos caminhos
Quiçá encontrasse a graça em "Os sertões"
Ou até nadar com divertidos golfinhos
A essência de cada espécie, a primeira
a jorrar em bicas, as evoluções necessárias
como uma infância roubada, sem brincadeira
Gritos de ordem na avenida ordinária
Foi aí que o joguete começou
Entre a dor, a saudade natal, a vida
Até a ponte sumiu, quebrou
A face nas sombras era abatida
Os vislumbres tão terrenos e pequenos
As necessidades e curiosidades tão previsíveis
na camada submersa entre raças, puro veneno
castas desordenadas, o caos organizado em níveis
"Somos o número dos números!"
E a dor era alucinante... Quem chega?
O elixir, em doses altas do sonífero...
Aquele destilado caseiro que na garganta escorrega
Com aquele ar de quem sabe curar e cura...
E toda a tempestade vai dissipando
A mente devaneando com a bravura
A voz certeira em um só comando
As nuvens exibidas se banhando na paleta
A vegetação toda se agita
Voltam os pássaros, animais, borboletas
A oração feita na praia pelo (o) Jesuíta
As flores revelando o perfume mais atrativo
Aquela paisagem natural humildemente simplista
Não há crivos, teoremas nem comparativo
No topo da meta, o início da lista
Pedras matreiras flertando com capins silvestres
Acenando o adeus para a dor que vai embora
O tom sábio de antigos mestres
Da mesma forma que chega se vai na hora
Pode até deixar saudade nos eleitos
que sentiram sua sombra angelical
Cada um faz a sua travessia de seu jeito
Sempre direta, objetiva e imparcial
Geralmente as pessoas até esquecem dela
Quando são tocadas por algo muito maior
Fadas e vaga-lumes em coro na capela
Místico tom azulado das águas ao redor
Nem as sete irmandades eternas
Tal fenômeno conseguem explicar
Não existe versão mais rupestre na caverna
união de elementos fogo, terra, água e ar
A matriz externa segue a risca
Seu conceito mais trigonométrico
Quem não rouba, apenas o que é seu confisca!
As radiações em pulsos celestiais e eletromagnéticos
A vida una de seres absolutos, atemporais
Livres! No grande sopro originados
Derrama na seiva do universo doces "ais"
Unidos em causas maiores, eternos aliados
http://carisgarcia.blogspot.com.br/