Sangue e Cinzas
Hoje resolvi preencher minhas lacunas
com versos breves e meditativos
Me espera na sombra uma dor
e o silêncio do cio de noites insones
Lentamente cubro as paredes do quarto
com as memórias que ilustrarão as rimas que hoje me livro
Reclamo meu mundo, declamo meus versos imundos,
lembranças doídas, doidos varridos
Descubro um caminho, percorro uma trilha
e encontro respostas do que outrora chamei de destino
E o branco das paredes se cobre de sangue
quando o peito explode em resoluções, revelações, revoluções
por minuto, por sílaba, por um pouco de paz,
por uma noite de sono, uma noite de sonhos
Meu corpo se retorcendo
enquanto espremo o extremo instante da inspiração
O ar rarefeito da seca de Brasília alucina, mas me sinto são.
As pessoas se dissipam na miragem do chão quente,
nas reentrâncias dos galhos em chamas dos ipês rosados
E no incêndio do meu quarto,
meu peito em brasa assovia contra o vento
uma canção que pede silêncio
Silêncio! O poeta está criando...
Silêncio...