Sangue e Cinzas

Hoje resolvi preencher minhas lacunas

com versos breves e meditativos

Me espera na sombra uma dor

e o silêncio do cio de noites insones

Lentamente cubro as paredes do quarto

com as memórias que ilustrarão as rimas que hoje me livro

Reclamo meu mundo, declamo meus versos imundos,

lembranças doídas, doidos varridos

Descubro um caminho, percorro uma trilha

e encontro respostas do que outrora chamei de destino

E o branco das paredes se cobre de sangue

quando o peito explode em resoluções, revelações, revoluções

por minuto, por sílaba, por um pouco de paz,

por uma noite de sono, uma noite de sonhos

Meu corpo se retorcendo

enquanto espremo o extremo instante da inspiração

O ar rarefeito da seca de Brasília alucina, mas me sinto são.

As pessoas se dissipam na miragem do chão quente,

nas reentrâncias dos galhos em chamas dos ipês rosados

E no incêndio do meu quarto,

meu peito em brasa assovia contra o vento

uma canção que pede silêncio

Silêncio! O poeta está criando...

Silêncio...

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 05/07/2016
Código do texto: T5688010
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