CALMARIA

A vida escancarada
desfila à minha janela,
passam amores selvagens
e guerra nas estrelas

Passam visões no ar
anos dourados, remotos
a caminho do esquecimento

Velhos sonhos mofados
se trancam nos armários
e guardam ansiedades

Quem de fora me vê
é como um alienista
que tenta me decifrar

Estou tão sem claridade
só sei que existo
pelo pulsar

Se um amor chegasse agora
e na minha porta batesse!
Ah! Se à minha porta ele viesse...

Mas nada vai bater
na minha porta esquecida
nesta surda eternidade!