" Scotch on The Rocks"
"...E se morresse eu de morte morrida, bandida, perdida.
Será que restaria poesia em meu partir?
Ah se ela me beijasse e levasse meu eu.
E depois?
E nós dois?
Ah !!
Se o gelado beijo fizesse com que não existisse mais o eu, sendo eu vampiro poeta morreria, ou ressuscitaria nas brechas de um vestido?
Se vivesse eu de vida vivida e parte de mim morresse a cada dia, como seria?
Vendo tudo isso pelo prisma de um copo de um bom Scotch.
Oh Morte!
Tudo é mais bonito e cintilante, o poeta, o amante, o bandido.
Resigno-me a sorver a dose, olhar de forma lenta meu viver que se esvai, a cada dia encoberto pela noite e madrugadas de boêmias e beijos que "nunca" dei.
Sigo assim, na poesia encontrada em cada copo e nos calientes lábios que os mancharam de batom.
Sigo assim trôpego, escrevendo vagabundos versos, teoremas de bandido amor.
Mas de uma coisa tenho eu certeza, não morrerei assim como querem os que das flores não conhecem o pólen, da noite não conhecem a madrugada e nem na “santa” a despudorada. Para estes terei eu eterna vida, lasciva e cheia de gozo.
Talvez morra eu para outras vidas e nesta existência seja eu a resistência, a outra via e não o poeta. O profeta de mim mesmo, que serei descoberto no futuro em algum, livro, sob o romântico olhar de alguém assim como fui um dia, alegre e jovem.
Alguém que sou e vez enquando me encontro, em algum corredor passando por mim, sorrindo, ou no reflexo do espelho de uma bela dona..."
(" Scotch on The Rocks, by Carlos Ventura)