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Seja o verso,
seja o inverso,
peito escancarado e
olhar fosco
de quem amou
e ama.
Pai, tua casa é de papel,
tua privacidade é pública,
viadutos de torpor,
aconchego de isopor,
calçadas de vida tépida
onde teus filhos se tornam cães.
Seja a ceia,
seja o seio,
sejamos práticos...
Os dias são cinzentos,
os calos, cinzentos,
o vidro fechado, abastado
sem atenção ou a mínima preocupação
em saber sentir qual seja o mais miserável.
O semáforo cede à paciência.
O vidro cede à angústia...
Lágrima.
Gravidade.
Olha pro céu, menino!