Ode ao Ser Humano

Os humanos dizem

perfeitos,

cheios de si, altivos

sem limites.

Passo a passo se vão

repondo,

o caos do seu início,

destruindo vida, alma, paz.

O humano,

só é humano quando repleto

e vaidoso:

nasce formidavelmente irado,

chora, pede, reclama da fé.

O humano quer voar e acelerar,

a sua infância queria sumir,

a sua adolescência triunfar,

a sua idade adulta poder parar,

e a velhice tentar enfim evitar,

mas o humano,

quer ser humano,

e um humano só vê a si mesmo,

da certeza da imortalidade,

da morte de seu tempo de ouro.

Não há igual,

como ele,

não há,

em outro lugar,

tal projeção:

é um milagre

só que às avessas

e a sútil degenerescência

dentre pecados e virtudes

criam linhas de maleabilidade.

Seus olhos lacrimejam

deixando um ponto

rachadura

entre a tristeza e a felicidade.

A cada humano um imperador,

Um altruísta e um apátrida,

insano em sua visão visceral,

desafiador do céu,

do oblivião e do futuro,

a inconsistência ambulante

no destempero

que clamas

quando respiras

e aspiras

todos os desejos,

conspirando,

desconfiando,

de tudo e de todos,

porque tudo,

se torna imundo,

diante dos seres humanos.

És besta dependente

da casa, rutilante

devasso das praças

meticuloso, genial

e ausente,

exuberante humano,

polícia secreta

dos egos ocultos,

misoginia

misandria

a união surdo-muda,

realmente não há,

enigma de tal calibre,

que não seja pior,

acha que é o dono do universo

não é chefe da própria mente,

é traído pela arrogância,

humilhado pela renitência,

é expropriado da realidade,

por livros, imagens, destinos,

amigos,

famílias ou alheios ao espelho.

Exceto o eu.

Este é o perfeito.

Ele sabe tudo, como não?

O tudo está na ilha da mão,

no mar de suas ideias inexoráveis,

na realeza

no sexo de seus martírios,

nos pormenores da atuação fática,

sou a certeza sincera do mundo,

a surrealidade primorosa,

a bondade e a gentileza,

o antropocentrismo é meu dote,

sou doce e um ser humano.

Minha razão se perdeu assim,

nas emoções que ignorei enfim,

quando era apenas célula-ovo.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 25/06/2016
Código do texto: T5678583
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