ESTUDANDO NUANCES DE CRIME

Noto um rápido desequilíbrio nas sensações:

Vejo um sorrir quando um lamento se deixa,

E um gargalhar soluçado ao narrar tristeza.

Sendo deslizes que se revelam nas emoções...

Então, traço a estratégia de palavras e pálpebras...

E ali no momento raro dos teus olhos piscos,

Lanço frases que se agarram à raiz dos cílios.

Eu inventor do delito de "dar fuga às almas"...

E quando aqueles olhos de sono já vermelhos,

Mostram na pele reflexa uma escada enorme,

Como drenagem do canal por onde escorrem,

As águas do ressecamento de tantos apelos.

Eu já tracei as execuções dos meus delitos...

Afugentá-la no colírio dos versos aflitos,

No mimetismo dos olhos que choram em vão.

Livre como uma lágrima que jamais evapora,

E mesmo que ainda te gotejem de hora em hora,

Eu abrigarei todas na palma da minha mão...