Aquário

Eu sou o solitário

Que observa a vida

De todos os outros

Nadando em um aquário

precisais de comida

Oxigênio

Água a temperatura certa

precisais de companheiros

E também, de um certo tipo

De amor

Eu, que olho de fora

Tenho a liberdade dos deuses

Mas vós, que estais ai dentro.

Confinados, enlatados

achais que a vida fora dai

É o desastre anunciado

Bem, eu, cá de fora

observo-vos

abrindo e fechando

Vossas inexpressivas bocas

Que apenas mexem

E nada proferem

acreditando que a alegria

Está presa no parceiro

Que, quando o sol se põe

Para o vosso lado, sem muita opção,

Regressam

Posso parecer um hipócrita

Mas quando vejo

Todos vós da minha espécie

Nadando nesse aquário

Com a tampa aberta

No fundo do oceano

Só posso chorar por vós

Que vidas extremamente magicas

Cujo o limite é o infinito

Morram todas afogadas

Márcio Filho
Enviado por Márcio Filho em 21/06/2016
Reeditado em 19/07/2016
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