Aquário
Eu sou o solitário
Que observa a vida
De todos os outros
Nadando em um aquário
precisais de comida
Oxigênio
Água a temperatura certa
precisais de companheiros
E também, de um certo tipo
De amor
Eu, que olho de fora
Tenho a liberdade dos deuses
Mas vós, que estais ai dentro.
Confinados, enlatados
achais que a vida fora dai
É o desastre anunciado
Bem, eu, cá de fora
observo-vos
abrindo e fechando
Vossas inexpressivas bocas
Que apenas mexem
E nada proferem
acreditando que a alegria
Está presa no parceiro
Que, quando o sol se põe
Para o vosso lado, sem muita opção,
Regressam
Posso parecer um hipócrita
Mas quando vejo
Todos vós da minha espécie
Nadando nesse aquário
Com a tampa aberta
No fundo do oceano
Só posso chorar por vós
Que vidas extremamente magicas
Cujo o limite é o infinito
Morram todas afogadas