CORTE
Dos dias coloridos derivam dias monocromáticos,
Minha alma – Ferida aberta – comunica aos outros a infâmia
Acostuma-se a solitude das horas vastas
Abriste novamente a incisão precisa que fizeste
Teu receio impediu a amputação total de mim quando deveria,
Minha esperança se alastrou como vil gangrena por todas as células do meu amor.
Teu receio – busturi nas mãos de um cego…
Fez mil cortes em nós dois, por muito tempo,
E eu bem sei que foi sem querer,
Sem querer novamente! Novamente sem querer vem o querer!
Acaso não é o puro desejo como ondas em um mar revolto? Não é forte como a morte?
Ou é variável como as marés à luz da lua?
Teu receio novamente abriu ferida na minha dor, machucou tuas mãos inábeis.
Tenho dito: Teu receio não é ferramenta que preste…
Ou aprendes a viver sem ele, ou vais arrancar mais alguns dedos, pernas, braços, ou quem sabe até um olho.
Recomendo que da próxima, e para o teu próprio bem, não negues o golpe fatal seja a quem for!
Corta logo, sem misericórdia… Amputes sem dó, seja o que for!
Pega o facão da honestidade e usa sem pena! E depois guarda junto a ti, na cabeceira da tua cama, mas longe da tua cabeça.
Pois sei que será de grande valia na tua jornada.