Às vezes, leio-me e comento-te...
Na imensidão do pensamento
Penso, às vezes penso
Penso que me basto
Nas palavras que produzo
Às vezes, penso,
Penso que sou tão ignorante
E depois? Depois leio-te
Leio-te a ti poeta
Que me contas outra vida
Outras rimas, outras terras
Amores novos e virgens
Leio-te, na minha originalidade
E sinto-me pequeno,
Infinitamente pequeno
Plagiador até,
As palavras que escrevo
Não são novas em mim
Não brotaram do meu ser
Mas do que li,
Do que contigo aprendi
Ao ler-te também a ti…
Repouso em ti poeta
A consciência,
O cinzento pensar
Que bebo nas tuas
eloquentes palavras
soltas, livres, vivas
nas frases, nas rimas
na sofreguidão da fome
de te ler, de te interpretar,
e comentar, na ânsia
pagã, de sentar-me à tua direita,
lendo-te e encontrando-me
na significância da tuas
puras e elaboradas palavras!