Orvalho

Chão seco,

lábio seco,

terra batida sob

os pés rachados

e as batidas descompassadas do coração.

Adeus, Maria.

Adeus, sertão.

O menino corre longe,

vai buscar o que fortalece o retorno,

sonha o que será realizado,

faz juras de amor e de sangue,

entorpece os lábios co'as promessas de

vida e paz.

Saberá que lá a seca é igual.

Saberá que todo caos tem seus donos.

Saberá preceder em orações fingidas o roubo e a mentira.

Saberá, por fim, ser homem...

Chão certo,

família reunida,

massapê de poesias

e um coração resoluto aos teus pés, sertão.

Voltei, Maria.

Voltei, Senhor.

Que este menino tem palavra

e a partir de hoje,

orvalho.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 19/05/2016
Código do texto: T5640333
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