Orvalho
Chão seco,
lábio seco,
terra batida sob
os pés rachados
e as batidas descompassadas do coração.
Adeus, Maria.
Adeus, sertão.
O menino corre longe,
vai buscar o que fortalece o retorno,
sonha o que será realizado,
faz juras de amor e de sangue,
entorpece os lábios co'as promessas de
vida e paz.
Saberá que lá a seca é igual.
Saberá que todo caos tem seus donos.
Saberá preceder em orações fingidas o roubo e a mentira.
Saberá, por fim, ser homem...
Chão certo,
família reunida,
massapê de poesias
e um coração resoluto aos teus pés, sertão.
Voltei, Maria.
Voltei, Senhor.
Que este menino tem palavra
e a partir de hoje,
orvalho.