Recomeço
(Que nessa volta eu seja mais lúcida)
É tempo de recomeço
Onde termina e inicia
O novo o ovo
Perdidos em vôos curvos
Os abutres
Desfizeram-se em nuvens
Em fuligens dos aflitivos ventos
Que se foram
É tempo de recomeço
De brisa leve vento morno
Broa no forno
Da maciez das texturas
Dos tecidos
São tempos idos
As agruras os medos
Os traumas as dores os partos doidos
Aflitos de abutres e peçonhentos
O tempo do ungüento também
Se foi, acabou desmereceu-se
Faleceu se desfez
É tempo de recomeço
Do inicio do arco
Das cores das íris brilhantes
Do sol acima das águas doídas
De arco-íris.
Definidos em cores e formas
Limpas expressas claramente expostas
Dispostas ali bem na frente
Disfarces ausentes
Lúcidos textos e sinais
Nesse recomeço, me conheço.