Farsa

(03/05/16)

Sentada numa mesa de bar escuto um cara dizer

Que sossegou e me identifico naquela letra

Eu sosseguei

Mas não porque eu quisesse isso

Eu sou uma farsa

Meu sorriso não tem verdade

Meu olhar é verídico pra quem não o conheceu realmente

É o mais vívido pra quem nunca o viu brilhar

Eu sosseguei não, eu me enterrei

Me enterrei ainda viva

No auge dos meus trinta anos eu estou velha, amargurada, fatigada

Às vezes rio sozinha, gargalho

E muitos pensam que é felicidade, mas é apenas desespero

As lágrimas que rolam não são de alegria

É a dor no seu estágio mais latente

Eu sou uma farsa

Uma versão ridícula e limitada do que fui um dia

Sinto em mim um deserto de emoções

Um oco dentro do meu ser que só me lembra

O vazio que minha vida se tornou

Vivo minha morte em vida

Festejando a cada dia a morte dos meus desejos

Dos meus sonhos, meu futuro, meus sentimentos

Vi e colaborei pra que meu maior medo se realizasse

Posso dizer que cavei e encimentei minha sepultura

Sou quase feliz

E esse maldito quase me leva ao precipício

Quase consegui, quase acertei, quase vivi

Quase...

Sou quase eu

Eu sou uma farsa

E sou tão convincente que às vezes consigo

Acreditar que minha vida é perfeita

Eu sosseguei porque meu riso de desespero

Convence mais que meu grito de dor

Eu sou mais verdadeira quando finjo.

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 03/05/2016
Código do texto: T5624320
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