Como me torno refém
Primeiro me visto de rosa. Me enfeito de purpurina e confete e digo: SIM, eu aceito.
Com o tempo (e minha noção de tempo geralmente é bem diferente do restante das pessoas), me canso.
Vou perdendo a cor (afinal, tanto o brilho quanto a purpurina não são meus)
Aos poucos, me fecho – procuro meu casulo.
E de lá, volto a sentir:
Não sou tão boa assim.
A partir daí, o que era relação vira compensação.
Sou vítima e algoz.
Fico pequena e, por isso mesmo, muito maior.
Minha força: pra onde vai?
Sou Sansão e Dalila
Peço e despeço
Esqueço e lembro o tempo todo
Culpo, me envergonho, entorpeço
E nessa luta contra mim,
Continuo sozinha