Como me torno refém

Primeiro me visto de rosa. Me enfeito de purpurina e confete e digo: SIM, eu aceito.

Com o tempo (e minha noção de tempo geralmente é bem diferente do restante das pessoas), me canso.

Vou perdendo a cor (afinal, tanto o brilho quanto a purpurina não são meus)

Aos poucos, me fecho – procuro meu casulo.

E de lá, volto a sentir:

Não sou tão boa assim.

A partir daí, o que era relação vira compensação.

Sou vítima e algoz.

Fico pequena e, por isso mesmo, muito maior.

Minha força: pra onde vai?

Sou Sansão e Dalila

Peço e despeço

Esqueço e lembro o tempo todo

Culpo, me envergonho, entorpeço

E nessa luta contra mim,

Continuo sozinha

À Flor da Pedra
Enviado por À Flor da Pedra em 21/04/2016
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