Cinzel
Há uma quantidade enorme de sentimentos ocorrendo em mim
Não sei o que fazer com todo o desconhecimento sobre eles
Sei do perigo da condensação abusada entre minhas paredes
Sei que posso destruir minhas comportas sempre comportadas
Tem aquela tristeza das borboletas que não estão nos céus
Tem aquela melancolia pelas lagartas que não estão em casulos
Fico desencantada com tanta perfeição, tanta exatidão óbvia
Há dias em que não sei o que fazer de mim por um bom tempo
É largo demais este espaço que se estreita até ser inexistente
Fui a mentora daqueles rituais de alegrias e amores que se foram
Amei além do que suporto agora ter que aprender a soltar nos ares
Faço preces para um ser que não sei como nomear corretamente
Chovi o necessário, fui sol por tempo devido e anoiteci criança
Não temo a noite, mas receio os raios do dia amanhecendo nobre
Sobre mim o tempo pesa e vira pena branda e acinzenta minha tela
Queria ser mais amiga minha do que sou amiga infinitamente sua
Estou codificando tudo que não sei e sei que não sei se queria saber
Enfim, eu tenho muito medo, tenho absoluto pavor dos meus ares
Enfim não tenho mais medo de aceitar todos os meus terrores
Quem dera pudesse doá-los e me ver esquecida deles para sempre
Toma de mim toda esta vida confusa e joga fora, quero claridades