Corre, rapaz!
Bate a porta
e sai, rapaz.
Uma poesia quase concebida,
uns desejos quase satisfeitos,
audições às escuras,
visões diurnas de esmola e palavrórios.
Bate a porta e corre, rapaz.
Uma poesia desajeitada,
derramada junto aos copos
e pedinte de algum corpo seguro,
porto de pecado ou simplesmente amor.
Podes amar, rapaz.
Simples,
cego,
concebido nas artimanhas
de quem te escarnece os instintos,
desestabiliza a fé
e te faz gritar.
Bate a porta e grita, rapaz!
Mãos na cabeça e olhos nos lábios...
A poesia necessita jorrar.
A dois.