Brasileiramente
Esquinas frias,
saudades frias,
uns tragos de vida embrionária
na palidez dos cálices.
Calem-se, senhores!
A poesia não necessita de vossas palavras.
A poesia basta sem mentiras e juramentos.
Esquinas noturnas,
olhar soturno,
mulheres de sangue,
nos olhos,
nos colos,
no sacrifício de ser mãe.
Terra de palmeiras,
tucanos ensanguentados nas tribunas
e serpentes perniciosas
sob a permissão de Deus,
sob o mesmo teto.
Cale-se, menino!
A melodia sacode os instintos
em seus duvidosos desejos de viver.
Vive-se amargamente uns
dias duvidosos de revolução.
Paz para quem?
Pais de quem?
País de quantos?
Encruzilhada de favores e oblação.
Brasileiramente.