Brasileiramente

Esquinas frias,

saudades frias,

uns tragos de vida embrionária

na palidez dos cálices.

Calem-se, senhores!

A poesia não necessita de vossas palavras.

A poesia basta sem mentiras e juramentos.

Esquinas noturnas,

olhar soturno,

mulheres de sangue,

nos olhos,

nos colos,

no sacrifício de ser mãe.

Terra de palmeiras,

tucanos ensanguentados nas tribunas

e serpentes perniciosas

sob a permissão de Deus,

sob o mesmo teto.

Cale-se, menino!

A melodia sacode os instintos

em seus duvidosos desejos de viver.

Vive-se amargamente uns

dias duvidosos de revolução.

Paz para quem?

Pais de quem?

País de quantos?

Encruzilhada de favores e oblação.

Brasileiramente.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 02/04/2016
Reeditado em 02/04/2016
Código do texto: T5592849
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