MENINA-MULHER

A menina que eu era,
Fluía, Luzia, tinha inúmeras utopias,
Se ajaezava, se lançava na atmosfera,
Tecia na tela azulada, encantadas poesias.

A mulher que hoje sou; se desencantou,
Desacreditou no amor, se perdeu da menina,
O lume, os voos, os sonhos, os versos, o tempo levou.

É assim a enigmática sina, duas vidas muitos distantes,
Uma, lúdica, imaculada; a outra, acre, errante.

Talvez um dia, se encontrem na sensibilidade das retinas.