Na carne

Gole de café,

esperança no peito

e chapéu nas mãos trêmulas.

Faz frio sim, senhor.

Faz tempo que não me acostumo.

A projeção da lareira,

o sonho da família reunida,

a ceia que ocorreu,

o maldito ônibus que sempre atrasa.

Essas reminiscências me ocorrem na carne.

Gole de café,

cigarro amassado

e um coração mais amassado ainda.

A bandeira e seus amantes,

a bandeira que tantos dão.

Sinal da cruz em frente a igrejinha,

para fazer de conta que somos civilizados.

Deixe disso, senhor,

que crises se desenrolam

sobre a cabeça de quem sustenta

essa bosta.

País de todos,

país de tolos.

Gole de café e indústria de torpor...

Acorda, José!

Pois não sabes dormir.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 30/03/2016
Código do texto: T5589435
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