Diário do Andarilho (A primeira página)
Quando acordei vi que era nascido
Já não era só um simples escrito
Não era prosa nem verso
Nem tinta ou todo o resto
Agora eu respirava
Não! Eu respiro
Olhei para o alto e vi meu pai espantado
Vi em sua mão a caneta que tinha me criado
Logo tive a certeza de que era seu filho
Quando com um sorriso ele disse
“Tu és o Andarilho”
Minhas lembranças em um diário estão guardadas
De laudas velhas, todas elas rabiscadas
Esta primeira página foi onde tudo começou
Mas não estou preso a regras ou leis, pois sou o que... Quero ser
Vago pelo universo escrevendo o que ouço e vejo
Conheço a vida e a morte, o desprezo e o desejo
Sou como a voz do cantador ou dedilhar de um arpejo
Por onde passo memórias recebo e partilho
Talvez já tenha ouvido falar de mim...
Eles me chamam de Andarilho.