A Odisséia da Audácia
Do que dizer da audácia
Senão uma magia interna
Quando a realidade perdida
Torna-se a maiêutica homérica
De lutar pelo todo
Que se ignorou até então?
Pigmaleão (por efeito e escultura)
Abraça o derradeiro diálogo
Da morte da pavidez
A busca do desiderato
Destrinchar os inimigos
E seus respectivos abrigos
(desde a mente até a alma)
Purificando em ataraxia
Até aclimatar a sabedoria
Até então em comatose pelo medo.
Não há maior perigo
Do que duvidar do audaz
À beira da loucura
No próprio paracosmo
Na dúvida contumaz
Quanto mais ameaçado
Bestial se torna
Tão perspicaz
Que deixou de ser cachorro
Para ser anfísbena divina
Ninguém tenta a atacar
Senão o próprio destino.
Tanto pranto
Tanto encanto
Entre encontros
Aos desencontros
Cada qual em seu canto
Uma vez realizado
O audaz desembestado
Encontra a sua paz
No seu estágio de catarse
Onde enfim se junta a parcimônia
E sua eufêmica serenidade.