MORRER OU MATAR ?

Ferida que tenta me calar
O ferro contido no sangue não é páreo para o aço
Um grito de dor incontido faço
Não darei aos meus inimigos o prazer do meu sofrimento
A estocada não foi letal, mas ultrajado pela maldade do mundo
Sob nossas roupas, pele, pelo, procrastinação
É a vida em seu ensaio de insanidade
Somos criadores e criaturas, um paradoxal teorema
Quantas eu já feri, as armas não precisam ser de metal
Reverberam os sons em decibéis as vezes inaudíveis
Tsunamis de lágrimas molham a madrugada
Pensamos erroneamente que foi a chuva e nada fazemos
Um grito ecoa, único, qual significado?
Podemos fazer conjecturas, mas não damos a certeza
Gritamos também em nosso peito
Quem poderá ser o próximo a ser imolado
O medo das transformações paira no ar
O que será de nós ?
Ladrões e assassinos possuem a chave da cidade
O trabalho relegado está
A esperança de dias melhores, tem de se forjar com Marte
O mesmo ferro do sangue está na lâmina ainda bruta
A batida do martelo na bigorna, descompassa o coração
Seria o medo da morte que pode estar por vir, ?
Ou seria o trauma da traição de quem teria de cuidar de nós ?
Domingos são para descanso
A semana inglesa, para trabalhar e protestar
Ou, ajuste a mão de seu algoz, para que a lâmina contundente faça seu trabalho,
Melhor morrer uma vez por causa nobre
Ou prefere morrer um pouco a cada dia com resignação tola ?