Sinceridade de uma Sobrevivência

Diariamente eu conto até dez para levantar

Para existir novamente diante da estupidez

Homens e mulheres que desandam a cantar

Uma ópera de dolência e repleta insensatez.

Olha o inferno que chega aos pés do asfalto

Somos casados com nossos sapos engolidos

O ludo ao levantar nossas mãos para o alto

Engolindo todos os lutos e ódios reprimidos.

Assim as mais vis enfermidades vem de nós

A sós somos somente aquilo que sonhamos

Nem todos os sonhos chegam a mesma foz

Incapazes, vamos para a luz dos cânhamos.

Eu discordo do bem e do mal, mas posso ver

A mórbida ganância associada à sútil vileza

Demonstram que quem se alimenta do ter

Ignora a humanidade ao se tornar realeza.

Assistam o fim abrupto das positividades

Escolham o melhor assento para este fato

Absorvam o fumo amaldiçoado das vaidades

E façam parte da negligência deste relato.

Pessoas adquirindo parafílias e patogenias

A diversão doentia da mente em comatose

Frutifica a relação das almas das províncias

Um ode a destruição através de única dose.

A situação parece somente chegar a um fim

Eu não me excluo da insanidade coletiva

Que se acostuma com a bestialidade assim

Na banalidade da existência e na fé seletiva.

A tecnologia a serviço da indigestão mental

Sacrifícios na artéria da comoção virtual

Estamos falando de um culto ao novo ritual

Onde o contato com a pele parece mortal.

A política da sistematização de fronteiras

Na amórfica cólera e na banalização da paz

Uma falsa flâmula com desamor e sujeiras

As beiras do caos que a ímpia gana nos traz.

Estamos parando de respirar as emoções

Condensamos as atitudes mais racionais

Na falsa racionalidade onde faltam razões

Proporcionalmente tornamo-nos irracionais.

Enquanto abandonam-se filhos de sangue

Os animais criam outros de espécie diversa

Nós estamos sofrendo um grande exangue

Enquanto os irracionais evoluem depressa.

A união e seus aspectos de solidariedade

Brotam apenas na destruição e catástrofe

Qual o sentido de pretender plena liberdade

Onde não se constrói uma frase ou estrofe.

A instituição familiar se torna mero teatro

Não há tempo para o contato nem o trato

Tratamos o presente como um tempo atro

Na cruel importância de cumprir contrato.

Menos tempo dos reais vínculos maternos

Eternidade parece estar sendo vivida agora

Ignoram os itens que os laços sempiternos

Não são conectados a nós por toda a hora.

Enquanto há tempo, façamos um exorcismo

Dentro de nosso próprio id, uma sinergia

Expurgando a ira, mágoa, ódio e o cinismo

E eliminar o fantasma que drena a energia.

No ato solene de sublimar nossa realidade

Em sermos de carne, osso, razão e emoção

Aonde a subserviência será a sobriedade

Na disciplina de abraçar a antiga educação.

Então ore para qualquer fé que se acredite

Se você não tem, constitua-se de si mesmo

Não perca, nem se torne uma alma a esmo

Saiba que toda tolerância tem seu limite.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 14/03/2016
Código do texto: T5573378
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