Domingo
As horas
precipitam
o poeta.
Banco de praça.
Bancos demais.
Bando de espectros.
Horas altivas,
horas tantas, Senhor!
Leva a vida nos calcanhares,
diverte-se com
o desejo das pernas
e dos vestidos,
balouça o firmamento
por uns rabos de saia,
evolui tanto desejo,
mas não é pro teu bico, rapaz.
Por que bicos, cidadão?!
Galápagos que se dane.
A poesia pede costelas.
E coxas,
e bundas,
e cointreau em fim de tarde.
Espera o sol e o calor do oriente,
lê mundos e fundos
o poeta
encolhido
na magia das vitrines.
As horas precipitam o poeta!
Trazem à tona
a insipidez dos encontros,
o juramento de ébrios,
a melancolia
dos motores à beira do abismo.
Acalentam o sorriso da
garotada no parque
do andar de baixo
e a morena adora comprar
o que o poeta prefere amassar
na hora da cama.
Badala coração,
que a saudade
é esquisita sob a luz
maquiada do shopping.
A hora é chegada
e traz consigo
o perfume de meu bem.