AOS POUCOS

Eu estou nos aguilhões dos cardos,
No vento sem roteiro,
No delírio dos bardos,
Ouvindo Zeca Baleiro.

Eu estou na taça de vinho,
No irônico olhar de James Bond,
Na alma torta, na rota a caminho,
...Só não sei para onde.

Eu estou no vapor da chaminé,
Na ausência de louros,
Nas rasuras, na loucura como ela é,
Na Arcádia sem fé e sem ouro;

Eu estou na dor que se ajeita,
Aproveita da minha fragilidade,
Estou no amor que tudo aceita,
Na imperfeita fugacidade.

Eu estou no balanço de mais uma dezena,
Emaranhando filosofias e afins,
Me sentindo estranho, um ádvena,
...Aos poucos, eu estou sem mim.