Nunca
Posso sempre dizer que nunca
Nunca sempre fez parte de mim
Sempre também esteve presente
Tanto foi arrancado da minha terra
Um tanto outro semeei no meu solo
Nem tudo floriu, mas tudo resultou
Os frutos estiveram diante de mim
Alguns consumi, outros absorvi
No meu voo de devaneios vi muito
Não tenho asas coloridas e fantásticas
Voei por empréstimos preciosos
Medos, sedes, refeições prolongadas
Nunca me afoguei em qualquer coisa
As minhas palavras estão quietas
O meu coração está tão levíssimo!
Onde foram parar as minhas pedras?
Sei não, sei nada, sei lá, sei nunca
Qualquer hora dou de cara com a pedreira
Havia uma frase linda e profunda
Apaguei e escondi; ninguém a merece
Ousadias fazem bem algumas vezes
Silêncios prolongados são precisos
Quando a quietude inquieta demais
Momento de dar os ares da cara por aí