Aquela "fulô" de outrora
Os olhares da menina,
os sussurros do mato selvagem,
a beleza das mães
que ontem
amavam
e beijavam
húmus e glória
e se davam
em paixões enlouquecidas,
agora restam
sob a penumbra
de escárnio político
de governos desgovernados
e anúncios de rodovia.
Transpomos os verbos
e a canalhice dos véus.
Transpomos réus confessos
sem dolo nem culpa.
Filhos da puta que somos!
Cai o corpo na ladeira,
cai o copo sobre os corpos,
cai a carcaça do holocausto solitário,
e badalam os sinos,
rotina de quem morre aos poucos.
Chuva que não cai,
terra preta,
retina e carrapatos postos à mesa do assum,
gente, amores,
fé seca dispersa em pratos vazios
e pranto pujante.
Controverso, Pai!
A escassez do meu sertão
não necessita de remédios,
mas de vida.
Somente.
Semente.
Aquela "fulô" de outrora.