Lar da Esperança . . .

Todas falam ao mesmo tempo...

Solidão... Abandono...Tristeza...

Tenho de ouvi-las, todas ao mesmo tempo.

Mal entendo... Não faz mal...

Elas não exigem serem entendidas...

Querem apenas falar,

Quando há um ouvinte...

E eu sou um bom ouvinte !

Ouço as mesmas queixas todas as semanas.

Sempre as mesmas senhoras.

Externam suas preocupações bem mais que doenças...

Há também as que sempre reclamam...

Portões sempre abertos, mas elas não saem...

Sempre querendo voltar para suas casas, suas famílias...

Como se ainda as tivessem !

Não entendem que foram “descartadas” ...

Acreditam que logo virão buscá-las...

Esperança... Sempre ela...

O tempo passou... Foram esquecidas...

O céu também as esqueceu...

Não pertencem mais a este mundo...

Mas, não foram para o Céu, nem para o Inferno...

Enquanto ninguém define o destino delas,

Permanecem no Limbo; terra de ninguém...

Minhas clientes são poucas, mas fiéis e pontuais...

Sempre que chego, elas também chegam...

Queixas e remédios são meros pretextos...

O que querem é apenas alguém que as escute...

Mesmo impotente, tenho de atendê-las.

Que posso eu fazer, além de escutá-las ? !

Brinco com elas e as faço rir...

Dão boas risadas... Voltam a viver por alguns minutos...

Será que um dia você estará entre elas ? !

Ofircopa