Quanto mistério!

Quanto mistério

em frente ao mar.

Amor,

injúrias,

filhos concebidos

sob ressaca,

travessias e milagres

na brasa fedida dos cigarros.

Revê, menino!

Revê, menino!

Tesouros esquecidos

em braços de meretriz,

méritos desiguais

e estórias de quem ama,

orações equivocadas

sobre proas e pranto,

o chamado da mãe para o jantar,

o chamado da morte

que sorri no mar.

Quanto mistério!

Vai lá, menino,

fita a madrugada,

brinca com os corpos,

paga o preço

e zomba do acaso.

Celestial,

ictiófago,

dezenas de marés

de boas vindas

e adeus.

Quanto mistério...

Sobrevive o menino

abraçado às âncoras.

Ali estava.

Ali esteve,

pescando vida

a vida inteira.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 26/02/2016
Código do texto: T5555892
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