Leve semelhança
Deita cansado o corpo
sobre copos e reminiscências
de bons tempos.
O homem clama,
relembra as palhoças
e a gênese dos equívocos,
chora pelo amor esquecido,
perde oportunidades de calar,
de casar,
de perpetuar a dúvida
misteriosa que conduz
sonhos errantes ao bar,
à embriaguez noturna
dos puteiros.
Erra o caminho!
Erra o caminho!
Becos,
berros,
cópula vagínica,
tanto em comum.
Acerta os ponteiros,
ajeita as calças
e o terço suado no peito,
que é hora de pagar a conta.
Cuida, que a vida vai cobrar com juros.
Cuida, que a família vai sobrar.
Te juro!
A madrugada
geme violenta
em radiolas de ficha.
Levanta
o cidadão filho
da indústria,
ergue as mãos,
ergue os tostões,
ilude os gestos
e ajoelha-se perante o mundo.
O que procurará, meu Deus?!
O que, senão perdão?!
A serpente é perniciosa,
tem garras,
tem veneno,
tem uma saliva
que adoça o lábio adormecido
e rabo.
Perdão, Senhor, que é fraca a semelhança.
Rabo de saia,
rabo desnudo,
diabo de prazer
que habita em mim.