Cais
As aves grasnam pilhérias,
delimitam o itinerário
dos sonhos,
camuflam a paz,
desdenham de quem não pode voar
e
anunciam uma saudade
safada que me acomete
na palidez do cais.
O cigarro esquecido nos lábios,
os gemidos esquecidos nos lábios,
cenário de poesias incompletas
na areia e nos corpos,
numa tarde cinza
de amantes distantes.
Passam as aves
e com elas o nosso amor.