O Deslocamento Espiritual

Como incidente espiritual do pesadelo

Vivo um ritual por dia sem a decência -

Esta, que me engole isenta de clemência

No limiar frívolo, como um mar de gelo

Que vive diante desta infame indulgência

Obliterada até pelo último fio de cabelo!

O corpo é desintegrado pela vã tortura

Assim como os fragmentos saudosos

Entre a soma do que me foi sublimado

Sabes que o silêncio conduz a loucura

Na beatitude dos medos rancorosos

São os recursos qual fui enfim silenciado.

Sei o que se espera deste particionamento

Talvez um retorno ao átrio da existência

Ou até mesmo um ato de resistência

Que se repete num ciclo em movimento

Qual continuidade já não exibe alento

Nem mesmo a pele confere a subserviência.

Eu, numa genética vacilante do Tártaro

Lavei os prantos no batistério do abismo

Sendo deslocado no universo do cinismo

Me perdi por este mundo sem lábaro

Onde a salvação faleceu no ostracismo

Tornando-se um banquete ao Deus Ácaro!

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 23/02/2016
Reeditado em 23/02/2016
Código do texto: T5552162
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