O Deslocamento Espiritual
Como incidente espiritual do pesadelo
Vivo um ritual por dia sem a decência -
Esta, que me engole isenta de clemência
No limiar frívolo, como um mar de gelo
Que vive diante desta infame indulgência
Obliterada até pelo último fio de cabelo!
O corpo é desintegrado pela vã tortura
Assim como os fragmentos saudosos
Entre a soma do que me foi sublimado
Sabes que o silêncio conduz a loucura
Na beatitude dos medos rancorosos
São os recursos qual fui enfim silenciado.
Sei o que se espera deste particionamento
Talvez um retorno ao átrio da existência
Ou até mesmo um ato de resistência
Que se repete num ciclo em movimento
Qual continuidade já não exibe alento
Nem mesmo a pele confere a subserviência.
Eu, numa genética vacilante do Tártaro
Lavei os prantos no batistério do abismo
Sendo deslocado no universo do cinismo
Me perdi por este mundo sem lábaro
Onde a salvação faleceu no ostracismo
Tornando-se um banquete ao Deus Ácaro!